Fragmento Calótipo

Uma viagem à cidade na memória de um voyeur. Uma primeira cópia de um arquivo por revelar, num negativo que se reproduz com qualidades próprias. Uma referência subjetiva a exposição à luz e que se desenha com linhas, não bem definidas, que tornam os detalhes apagados e enevoados, fazendo lembrar um desenho artístico a carvão, com um aspecto atraente, macio e rico. 
A cidade, um projeto que tem início nas viagens diárias de metro, na ida e vinda do trabalho, nas pessoas que se cruzam comigo nesses momentos. Um espaço amplo cheio de possibilidades, pelas suas interseções, passagens, desvios, becos sem saída, uma rua de sentido único ou em contra mão. As caras que se cruzam diariamente e que começam a fazer parte do meu dia a dia, fazem com que acredite que ficaram comigo até ao fim da viagem, outras mais fugazes. É neste loop diário que surgem esboços, esquiços, imagens que não chegam a ser retratos.  Neles se desvenda uma linguagem secreta, uma linguagem que habita esses espaços fugidios e escondidos. Fragmentos esquecidos na memória de um voyeur transparente, subjetivo e desfigurado. Uma reflexão sobre a fragmentação individual, o eu objetivo e o espaço vivido que desaparece nas sombras da individualidade.
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Calotype Fragment

A trip to the city in the memory of a voyeur. A first copy of an undeveloped file, in a negative that reproduces with its own qualities. A subjective reference to exposure to light, which is drawn with lines, not well defined, that make the details erased and misty, reminiscent of an artistic charcoal drawing, with an attractive, soft and rich aspect.
The city, a project that starts with daily trips on the metro, on the way to and from work, on people who come across me at those times. A wide space full of possibilities, due to its intersections, passages, detours, dead ends, a one-way street or against it. The faces that cross each other daily and that start to be part of my daily life, make me believe that they stayed with me until the end of the trip, others more fleeting. It is in this daily loop that sketches, sketches, images appear that are not portraits. In them a secret language is unveiled, a language that inhabits these elusive and hidden spaces. Fragments forgotten in the memory of a transparent, subjective and disfigured voyeur. A reflection on individual fragmentation, the objective self and the lived space that disappears in the shadows of individuality.
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