O projeto Arte, Cultura e Costura é uma formação do Núcleo de Cultura e Participação do Instituto Tomie Ohtake voltada à mulheres (trans e cis) em condição de vulnerabilidade social, que possuem ou não conhecimentos básicos de costura, e que são moradoras de centros de acolhidas de São Paulo, serviço de assistência social municipal oferecido para mulheres em situação de rua, localizados no bairro do Canindé, Centro e Bom Retiro.

   Esta formação busca contribuir para o desenvolvimento pessoal e de autoconhecimento das participantes por meio de experiências culturais, com foco na moda. A formação inclui uma série de atividades que dão subsídio ao trabalho com moda, como aulas práticas, nas quais aprendem diferentes técnicas de costura e aulas teóricas que tratam dos processos produtivos com reaproveitamento de resíduos, noções de comercialização de produtos e temas relacionados às artes visuais.

   O projeto aconteceu entre os meses de setembro e dezembro de 2019, às terças e quintas-feiras das 14h às 17h, totalizando 4 meses de formação composta por 2 módulos. O primeiro módulo focou no processo criativo e contou com ações e atividades de sensibilizações artísticas e estéticas, para ampliação de repertório e referências para a produção de três “looks”. Este módulo aconteceu no Instituto Tomie Ohtake e as participantes puderam visitar exposições de arte no Instituto, além de participarem de oficinas que abordaram diversas linguagens artísticas, como bordado, silk, crochet.

   O segundo módulo teve como objetivo a confecção dos looks e foi composto de atividades práticas de capacitação técnica, envolvendo habilidades como modelagem, tipos de corte, planejamento, noções de metragem e análise de composição de tecidos. Neste módulo, as aulas aconteceram no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, o qual cedeu um espaço que foi transformado em um ateliê de costura, composto por mesas com máquinas de costura, acessórios para costura e resíduos têxteis.

   A formação foi planejada e ministrada pela artista Vicente Perrota e sua equipe do Ateliê TRANSmoras. A artista é uma referência trans e arteartivista que trabalha com a ressignificação a partir da desconstrução de questões de gênero e padrões estéticos nas roupas, como por exemplo, o binarismo, gordofobia, machismo e racismo. Perrota tem também uma vasta pesquisa sobre LGBTQIfobia e TRANSfeminismo, as quais problematiza e questiona em suas criações, formando um elo de compromisso não só com a sustentabilidade, mas também com o empoderamento dos corpos.

   Como encerramento do projeto Arte, Cultura e Costura, o Instituto Tomie Ohtake convidou todas e todos para um desfile-manifesto no Grande Hall da instituição, no dia 17 de dezembro, às 20h, no qual as participantes do projeto apresentaram suas criações. No prólogo deste desfile-manifesto, uma roda de conversa convidou o público a refletir e questionar o lugar das mulheres cis/trans em vulnerabilidade e como a arte pode trazer autonomia a estes corpos femininos.

   Minha participação no projeto Arte, Cultura e Costura do Núcleo de Cultura e Participação do Instituto Tomie Ohtake consistiu na criação de identidade visual e diversas peças gráficas (banner impresso e para web, convites digitais, publicações de redes sociais, GIF/Vídeo e diagramação de projetos).