RESENHA CRITICA PUBLICADA NO PORTAL ACESSO CULTURAL (MARÇO, 2015)
O ABUTRE // NIGHTCRAWLER
Gosto muito do trabalho de Jake Gyllenhaal desde Jimmy Bolha (2001). Decidi ver O Abutre (2014) por causa dele.
O filme se passa basicamente nas madrugadas: é nelas onde o jovem Lou Bloom (personagem de Gyllenhaal) sai pela noite de Los Angeles em busca de seu material de trabalho.
Ele é um nightcrawler (traduzido como "abutre", infelizmente), um daqueles cinegrafistas amadores atrás de imagens de crimes e acidentes sensacionalistas e vende seu material a uma emissora de TV, a qual está tentando, aos poucos, se infiltrar.
Somos abordados por um cenário mais do que sombrio: por vezes, até angustiante. Os objetivos de Lou acabam se tornando complexos, cada vez mais potencializados pela sua imensa ambição de se tornar o melhor no que faz, custe o que custar.
Como sua escolha (prefiro chamar assim) estava lhe custando mais do que esperava em termos físicos e práticos de trabalho, Lou decide pela contratação de Rick, um rapaz que tenta fazer dinheiro a qualquer preço. Aproveitando-se disso, o chefe opta por um salário bem baixo ao subordinado desesperado.
Mal sabia Rick que um nightcrawler não quer parcerias ou amigos: ele se interessa apenas pelas melhores cenas a fim de lucro cada vez maior.
"E se meu problema não for que eu não entendo as pessoas,
mas que eu não gosto delas?"
mas que eu não gosto delas?"
A ambição de Lou fica ainda mais clara quando ele tenta manipular também Nina (Rene Russo), a diretora da emissora de TV responsável pelo sustento de Lou, de forma exclusiva - em algo que vemos como uma relação de trabalho com os dois pés fora da ética.
O engraçado é que Lou consegue praticamente tudo o que almeja com seu surpreendente poder de persuasão.
Talvez o personagem de Gyllenhaal seja considerado vazio e puramente materialista. Pode ser que também seja considerado até mesmo estudo de caso do sistema econômico que nos estressa a ponto de fazermos praticamente qualquer coisa em busca de dinheiro e reconhecimento - o que fomenta parte da imprensa.
Como complemento, temos a bela atuação do ator em um dos belos filmes de 2014, tanto como obra de arte como também uma crítica à mídia sensacionalista.