Mouras Encantadas 
A serie de ilustração Mouras Encantadas, é a conclusão da pesquisa feita para o trabalho de conclusão de curso de Artes visuais, nesta pesquisa fora debruçou sobre as lenda das mouras encantadas e buscar analizar o papel que essas figuras femininas desempenham nas lenda.  As mouras encantadas são uma espécie de reimaginação da fada  europeia e pertence ao  folclore galego-português, porem estão presentes em toda a península ibérica , são donzelas que foram circunscritas a viver em espaços como antigas ruínas, poços, lagos, fontes e montanhas. Tendo uma ligação muito forte com as águas, as mouras estão sempre guardando um tesouro, que nas histórias é alcançado quando homens ou crianças conseguem romper o encanto.​​​​​​​ Estas lendas da mouras remontam a dominação muçulmana sobre a península ibérica durante a idade media. 

Nesta serie foi produzia três ilustrações baseadas em três contos diferentes, A Moura do Castelo de Lousã, O Guerreiro e a Princesa Mouras e A Fonte da Moura.   
A Moura do Castelo da Lousã 
Foi ali no castelo da Lousã... iam pró moinho de Valadares, (que já não trabalha há muitos anos) e os acartadores, (os acartadores eram homens que tinham burros, bestas) iam a levar o trigo e (...) traziam a farinha. Depois a um homem apareceu-lhe ali no ribeiro (ali que vem ali do... ali das vinhas, (...) apareceu-lhe aquele homem, que ia levar os sacos de trigo e apareceu-lhe... estava uma cobra, metade da cintura pra cima mulher e da cabeça para baixo cobra, e ela assentada e os cabelos caídos para o chão e uns olhos muitos bonitos. 
E olhou para ele e disse-lhe, que se ele fora capaz de a desencantar ela lhe dava toda a riqueza, e ele olhou assim para ela [e ela disse-lhe:] - Eu não te faço mal, (eu não te faço mal); no entanto se fores capaz de me desencantar (lá disse, lá marcou a data) eu venho aqui para me desencantares e então depois ele foi, não disse então nada nem mulher, nem a filhos, nem a netos, que o homem já era velhote.
 Lá marchou e chegou além e ela disse-lhe, (ela tinha-lhe dito:) - Eu não venho conforme estou, eu depois venho em forma de serpente, mas primeiro de mim (primeiro de mim) há-de vir um pé-de-vento muito grande... não tenhas medo, bem como uma coisa, um remoinho a querer-te levar os burros, não tenhas medo! Depois vêem uma roda de um moinho rodando ao redor de ti, ao redor de ti e tu fugindo, mas não te mexas de onde estás! Em seguida vem um touro a querer-te marrar e a querer-te matar e querer isso, mas tu não tenhas medo, não te faz mal nem a ti, nem aos teus burros. 
E a última sou eu e se fores capaz de me desencantar, de fazer isto tudo conforme eu aqui estou a dizer, tens que abrir a minha boca e eu com a minha língua tirar-te os santos óleos que tens no céu da boca quando foste baptizado por igreja, que é o que eu não tenho, se fores capaz disso, tudo quanto eu tenho é teu, mas se não fores capaz... O homem disse que sim, que era capaz, mas ele fez tudo como era devido, como ela lhe tinha dito. Mas quando ela lhe foi a subir assim por 37 cima dele, e abriu a boca e ela ia meter a língua dentro da boca dele, ele estremeceu-se e ela caiu para o chão e disse: - Ah tirano, que me dobraste o encanto! Não te mato, tenho pena de ti, senão matava-te! Bem, nisso mais ninguém nessa altura a viu, mas houve mais tarde um senhor que andava… a queimar uma moreira e não falou com ela, mas viu-a muito bem, e olhou para ela e ela é muito bonita, mas com a diferença que é só da cintura para cima, da cintura para baixo é uma serpente. 
Quando ele foi a encarar com ela para lhe falar ela fugiu já feita cobra. O primo Marco Serrano ia cedo a ver se tinham peixe, ele não falou com ela, mas viu-a muito bem e ela é muito bonita com a diferença que é só na parte de cima.
O processo de criação das ilustrações, tinham como inspiração as composições e as 
cores das artes medievais, mas está principalmente nas molduras. A primeira arte era retratar a raiva da moura e o medo do camponês, onde no conto o homem teme a figura da moura por isso não a desencanta, fazendo-a ficar com raiva. A proposta era enfatizar a divisão deles no espaço como, ele no terreno e mundano com árvores ao fundo, ela no mundo sobrenatural, ligando as águas, sendo as diferenças enfatizadas nas cores também já que nos elementos que o compõem estão em tons quentes como o vermelho, observado no seu bordado e na moldura do lado direito, do dela as cores já são frias tanto pela sua tristeza por estar encantada, mas também por ser uma criatura sobrenatural das águas. 
O Guerreiro e a Princesa Moura 
Conta-se que, há muitos e muitos anos, quando nas terras do norte se travou uma grande batalha entre cristãos e mouros, um jovem guerreiro cristão raptou uma linda princesa moura e fugiu com ela para o castelo de Monforte [no concelho de Chaves]. E o pai da jovem, ao ver em que mãos ela ia, lançou-lhes uma maldição tal, que, quando chegaram ao castelo, o que o guerreiro levava consigo já não era a princesa moura mas sim uma enorme serpente. 
Ora o guerreiro, sem saber o que fazer com ela, resolveu fechá-la numa torre do castelo. Passou então a ouvir-se ali durante a noite uma voz de menina a gemer e a chorar. E o guerreiro, que se tinha apaixonado por ela, ao ouvir aquele choro, subia sempre à torre na esperança de a encontrar na figura da princesa que trouxera. Mas enganava-se. O que lá encontrava era a serpente e nada mais. 
O jovem cristão não sabia como tratá-la. Passou por isso a viver numa grande tristeza. Até que, certa noite, em que o choro da serpente o atormentou demais, foi lá visitá-la e, condoído da sua dor, disse-lhe estas palavras enquanto a afagava e a beijava: 39 
“ - Trouxe-te linda princesa Para contigo casar Agora se olho p’ra ti Só me apetece chorar! Quem me dera ter poder P’ra te quebrar o encanto, E poder olhar p’ra ti P’ra te enxugar o teu pranto!”
 E eis que, acabadas estas palavras, a serpente aparece transformada na bonita menina que era antes, O guerreiro quebrara-lhe o encanto. E depois casaram.
A segunda ilustração era trazer questão do aprisionamento da moura que havia sido sequestrada e encantada em serpente logo depois, a imagem do guerreiro se entrega quanto reza sobre a serpente, em seu reflexo na água vemos a moura lamentando seu castigo, Aqui de novo é enfatizado pelas cores diferença do dois mundo, porém aqui homem se entrega ao mundo sobrenatural a fim de desencantar por isso todos estão na água como se atravessassem um portal para outro mundo. como cenário colocado castelo que a moura vive com aparição em cima pois após ser encantada a moura passa atormentar o guerreiro.
A Fonte da Moura 
Em Nozelos, a pouco mais de meia hora de caminho de Lebução, existe uma casa grande abandonada, com uma quinta à volta onde está uma fonte de água fresca a correr noite e dia. Diz o povo que essa casa pertenceu ao mouro mais rico da região. Esse mouro tinha uma filha chamada Zaida, que era muito bonita e a quem não faltavam pretendentes. No entanto, o seu pai não tinha pressa em a casar. 
Acontece que, a dada altura, a jovem começa a dar mostras de estar apaixonada e o seu pai descobre que o moço era um cristão que ali veio ter sem se saber de onde. Por isso pôs a filha sob vigilância e ameaçou de morte os escravos que encobrissem os seus encontros com ele. Mas nem assim conseguiu saber de que modo eles se encontravam. 
Um dia, cansados desta situação, os dois jovens decidem fugir. Numa noite de Agosto, com o luar a inundar a paisagem, Zaida chega ao portão onde o amante a esperava, ergue os olhos para o céu e agradece ao seu Deus ter-lhe dado a coragem para fugir. Contudo nesse momento uma força superior transforma-o a ele numa fonte e a ela numa serpente. E por isso já não puderam sair dali. 
Diz o povo que o Deus de Zaida não aprovou uma união de diferentes religiões, pelo que encantou para sempre aquele par de namorados. E diz também que, em certas noites de Agosto ao luar, é possível ver a serpente a ir beber naquela fonte, conhecida como “Fonte da Moura”, onde vai matar saudades.
Na última ilustração expressa a solidão e tristeza de Zaida a jovem moura encantada em serpente, por isso cenário vazio sem figuras humanas. A serpente é o centro da ilustração, onde olha para cima se lamentando de seu amado transformado em fonte. Os detalhes das molduras e da fonte são inspirados nas amarrações (nós) celtas presentes nas iluminuras medievais. Ainda na moldura observa-se Zaida na forma humana, e no outro sua forma de serpente.
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