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Aulão Literário: Da oralidade africana em "Água Funda"

29/08/2022 - Aulão Literário: Da oralidade africana em "Água Funda", de Ruth Guimarães.

DESCRIÇÃO: 
Há em todo Continente Africano um vasto conhecimento e repertório intelectual, amplamente difundido ao longo dos séculos (principalmente) de forma oral. No entanto, as ações coloniais, motivadas pela regulamentação da escravatura e o desejo crescente de dominação total da África, fez com que a maior parte dessas populações se espalhassem por diferentes partes do globo. Tendo em mente que o Brasil foi um dos países que mais recebeu africanos e africanas, se faz necessário enfatizar que essas pessoas trouxeram consigo o pensamento, a filosofia, o conhecimento, adquiridos através da oralidade. Como diz o professor Petrônio Domingues, a diáspora negra não foi apenas um deslocamento sem desdobramentos, visto que, produziu interlocuções e epistemologias. Essa oralidade, vinda com nossos ancestrais, é a fonte para entendermos os aspectos das ciências, da origem, do modo de transmissão dos saberes, presentes até hoje na intelectualidade negra brasileira. Por isso, a professora, poeta e ensaísta, Leda Maria Martins, afirma que na Literatura Brasileira predomina a herança dos arquivos textuais e da tradição retórica europeia. A textualidade dos povos africanos e indígenas, seus repertórios narrativos e poéticos, seus domínios de linguagem e modos de apreender e figurar o real, deixados à margem, não ecoaram em nossas letras escritas. Essa textualidade, presente em todo rol de conhecimentos, que faz parte do que Amadou Hampâté Bâ designou como Tradição Oral, esteve e continua presente nesse sujeito negro, relegado pela sociedade brasileira e, consequentemente, pela literatura produzida por aqui. A contrapelo, a história viu nascer movimentos se rebelando contra a segregação, o apagamento e o subjugo, e uma das maneiras de combate ao sistema colonial e sua ideologia - presente até os dias atuais -, foi a tomada da palavra. Aqui podemos citar Luiz Gama, Cruz e Sousa, etc., nomeando brevemente um pouco da genealogia masculina da Literatura negro-brasileira. E dentre estes homens, há também uma produção literária feminina como a de Ruth Guimarães, que como afirma Fernanda Miranda, foi uma das primeiras escritoras negras a ocupar espaço no cenário da literatura brasileira. Seu romance “Água Funda”, nos faz mergulhar nas palavras, na arte de contar. Num tempo que vai e vem, fluido e profundo como as águas de um rio. Uma história narrada em primeira pessoa, marcada pela oralidade, pelos saberes de um povo, herdeiro da Tradição Oral Africana. 
Portanto, a ideia deste encontro é falar sobre a presença desta herança da Tradição Oral Africana no romance de Ruth Guimarães. 
Aulão Literário: Da oralidade africana em "Água Funda"
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