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Comentário Sobre "O Farol" (2019)

Após fazer sua estréia diretorial e ter sido aclamado pela crítica com o filme “A Bruxa”, Robert Eggers cria uma história sobre isolamento e perda da sanidade em “O Farol”, um terror psicológico que traz elementos dos contos Lovecraftianos e do expressionismo alemão.

Nele acompanhamos a história de Winslow (Robert Pattinson), um homem que aceita o emprego de faroleiro em uma ilha remota com o intuito de juntar dinheiro para conseguir ter uma vida pacata. Lá ele é submetido as abusivas ordens de seu superior Thomas (Willem Dafoe), um homem alcoólatra e misterioso que não permite que Winslow tenha aceso ao farol. Presos na ilha devido a uma tempestade, acompanhamos a relação que se desenvolve entre ambos assim como a perda de suas sanidades.

O ótimo roteiro escrito por Eggers e seu irmão Max mistura elementos da mitologia nórdica e de contos do escritor estadunidense H. P. Lovecraft, incorporando o fantástico a trama e nos fazendo pensar sobre o que realmente é real na história, além de abrir margem para diversas interpretações sobre seu enredo. É um verdadeiro conto marítimo capaz de deixar qualquer marinheiro assustado.

A direção do filme é certeira principalmente pela utilização de recursos como a pouca movimentação de câmera, os diversos ângulos com a qual a filmagem é trabalhada, o que faz com que se possa captar melhor a relação dos personagens com os cenários intimistas e melancólicos, além da pouca iluminação em algumas cenas, o que passa a sensação de mistério e isolamento da história contada. O trabalho cinematográfico de Jarin Blaschke e o design de produção remetem ao Expressionismo alemão sendo essenciais para a criação da atmosfera tenebrosa do longa tornando a experiência mais imersiva para quem assiste.

As atuações são simplesmente irretocáveis, Willem e Pattinson conseguiram alcançar um desempenho acima da média. A forma com a qual eles conseguem sair de si e se transformaram em pessoas sem o mínimo de sanidade é impressionante e brutal o suficiente para se dizer que eles não apenas atuam, como personificam a loucura de seus personagens. De fato, foi um esforço físico e psicológico de ambas as partes para que conseguissem atingir tal resultado e mereciam ter sido lembrados pelas grandes premiações.

Com O Farol, Robert Eggers constrói a sua obra prima até o momento. É um filme marcante pela sua história e atuações, mas principalmente transformador para a indústria pela sua estética e seu trabalho técnico. É mais um que se junta ao lado de outras produções como “Hereditário”, “Nós” e também “A Bruxa”, como os que elevaram o nível dos filmes de terror, aumentando a sua credibilidade dentro da critica especializada.
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