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Carta de Apresentação

Aprendi a ler aos quatro anos. Posso dizer que foi a partir daí que comecei a viver. Não apenas a entender melhor o mundo ao meu redor, mas conhecer universos que sequer existem de verdade. Sempre dividi minha atenção entre o que eu vivia e o que eu lia, por vezes chegando a me perder e até preferir passar meus dias mergulhada nas páginas dos meus livros.

Entendi, depois de muito relutar, que eram as palavras que me faziam ser quem eu era, e até hoje são os bens mais preciosos que possuo. Por isso, me considero privilegiada por conseguir fazer uso delas, e fazer com que as pessoas entendam o que quero dizer com o que digo e, principalmente, com o que escrevo.

Tomei a decisão de me tornar comunicadora em 2015, depois de me enveredar por caminhos que em nada se relacionavam com aquilo que eu queria de verdade. Pensei em cursar direito, fiz cursinho para medicina, prestei vestibular para administração, cursei engenharia, me matriculei em arquitetura. Até perceber que estava negando quem eu realmente era e o que eu realmente amava: as palavras.

Vivi, desde que me entendo por gente, em mundos paralelos. Acordava e ia para a escola, e, quando voltava, visitava Nárnia. Defendi a Grã-Bretanha dos saxões ao lado do Rei Arthur, saí em uma aventura ao lado de anões e de um hobbit medroso, segui um Coelho Branco apressado e caí em sua toca, fiz aulas de Poções e de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts e acompanhei cem anos de solidão de uma família em uma cidadezinha chamada Macondo.

Não consigo definir quem eu sou sem considerar as páginas que li, mas percebi que talvez eu pudesse chegar perto de uma definição se eu começasse a escrever as minhas próprias. Foi por isso que decidi me tornar comunicadora: para entender melhor quem eu sou e fazer com que outras pessoas possam também se descobrir. Uma vez ouvi dizer que comunicar é tornar comum, transmitir uma ideia. Eu, que a vida toda fui alvo das palavras escritas por outras pessoas, poderia atingir alguém através das minhas.

Cursei Jornalismo. Durante todo o curso, fiquei fascinada com a importância das profissões do ramo da comunicação. Mesmo tendo vivido na pele o impacto que as palavras, os causos, os desenhos e as fotografias possuem, descobri que a comunicação é fundamental para que existam sociedades, para que as pessoas tenham consciência do que acontece ao redor do mundo, e como um pequeno acontecimento pode causar uma grande revolução. Percebi, então, que de nada serviam as palavras se não houvesse um leitor disposto a lê-las ou alguém para ouvi-las.

Ao longo de todo o curso e de toda a minha experiência com jornalismo, publicidade e comunicação, pude perceber que, de fato, as palavras são o meu forte, e por meio delas consigo me fazer entender. Mas descobri, como comunicóloga, algo novo, que eu nunca tinha percebido: mais do que as palavras, quem move o mundo são as pessoas.
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