Texto para post do instagram - Lições em O Senhor dos Anéis 

O Senhor dos Anéis é, no fundo, uma alegoria sobre poder. Sua história foi escrita entre 1937 e 1949, durante os anos cruciais da segunda guerra mundial e pós guerra. O autor se utiliza de uma terra mística e personagens fantásticos para escrever um verdadeiro tratado das relações humanas. E é aí que reside a grande genialidade da obra.

Poder

Não é segredo que o anel é o símbolo do máximo de poder. Mas o mais interessante são as relações em volta dele. Como são seduzidos e se corrompem diante do poder. O anel tem a mesma atração tanto sobre Sauron quanto sobre Frodo, a princípio polos opostos de bem e mal. O anel destruiu a essência de Gollum, canibalizando seu espírito de fora para dentro, até que ele ficasse reduzido a uma criatura irreconhecível. O poder absoluto só traz destruição. Foi assim na terra média, foi assim na segunda guerra mundial.

Vigilância

O século XX viu grandes mudanças nas dinâmicas das relações humanas, em especial profundas mudanças tecnológicas (muitas positivas, mas outras bastante negativas). Em o Senhor dos Anéis, o aparato de poder de Sauron é assegurado não apenas por um exército poderoso, mas por um “olho que tudo vê”, uma vigilância onipresente sobre tudo e todos. A vigilância constante é uma forma muito eficiente que o ditador usa para internalizar no povo a ideia de controle, o que por si só desautoriza a insubordinação, antes mesmo que ela se transforme em ação. No século XX, o poderio dos governos, a vigilância sobre as ações dos cidadãos, a espionagem crescente no pós guerra, tudo isso gerava uma crescente sensação de insegurança e vigilância. O romance diatópico 1984 foi publicado em 1949, que falava exatamente sobre isso.

Espiritualidade

A obra trata de temas profundos de uma forma que transborda a fantasia, adentrando no próprio campo da espiritualidade. É possível perceber na obra uma consciência espiritual de missão da vida que transcende a experiência terrena. Não falo aqui da Bíblia, apesar de a obra ter várias passagens que remetem a ela, mas sim da ideia espiritual que permeia a jornada de Frodo em busca, acima de tudo, de redenção, e de destruição do mal diretamente no mesmo local onde ele foi forjado.